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Consumerização precisa deixar de ser um problema para a TI corporativa
Estudo realizado pela empresa de pesquisa Maritz Research, encomendado pela Intel, revela dados inéditos sobre consumerização. Foram ouvidos gestores de TI e funcionários com alta afinidade com a tecnologia, de empresas nos Estados Unidos e Inglaterra, para descobrir quais são os efeitos da consumerização e como os gestores de TI devem lidar com eventuais conflitos.
O fenômeno acontece devido à rápida evolução e adoção das tecnologias de computação pessoal, o que está levando as pessoas, e não os departamentos de TI, a direcionar a adoção de novas tecnologias. Estas estão surgindo primeiro em equipamentos voltados aos consumidores, com uma evolução muito rápida, e sendo adotadas em larga escala por profissionais, usuários de gadgets e tecnologias emergentes, como ferramentas de uso pessoal.
Para esses profissionais, a tecnologia disponibilizada pela empresa deve ser equiparada à que ele usa normalmente em sua casa. Quando isso não ocorre, eles começam a pressionar os departamentos de TI para ter a mesma agilidade e flexibilidade que eles possuem em casa. Isso coloca uma pressão sobre os gestores de TI para a adoção de novas tecnologias bem como na manutenção e na segurança das informações.
“Antigamente, tecnologias de ponta ou acesso à internet banda larga existiam apenas no âmbito corporativo. As empresas estavam na vanguarda e eram os grandes centros de introdução de novas tecnologias”, explica Maurício Ruiz, diretor de Alianças para o Segmento Corporativo da Intel Brasil.
“Hoje, os avanços e a adoção de tecnologias estão acontecendo com velocidade maior pelos consumidores, que adquirem computadores, telefones e serviços mais avançados do que os oferecidos pelo empregador”, completa o executivo.
Resultados
De acordo com o estudo, 53% dos trabalhadores entrevistados concordam que seria benéfico para a empresa se ela fornecesse ferramentas mais parecidas com as que eles possuem em suas casas. Mais de 60% dos entrevistados da Geração Y, e 50% dos funcionários com mais de 30 anos acreditam que as tecnologias que eles usam para suas necessidades pessoais são mais eficientes e produtivas do que as oferecidas pela empresa. Cerca de 65% dos entrevistados garantiram que perdem pelo menos uma hora por semana de produtividade por conta de tecnologias defasadas.
O estudo identificou várias das necessidades destes funcionários, que estão cada vez mais guiando as empresas na adoção de novas tecnologias:
• Reciprocidade: com novas e mais eficientes tecnologias de comunicação, as empresas esperam que seus funcionários estejam acessíveis de qualquer lugar, a qualquer hora. Em troca, os funcionários esperam ter possibilidade de escolha sobre o local e o horário de trabalho, bem como acesso a tecnologias que o permitam trabalhar remoto de forma eficiente.
• Adaptação: os funcionários esperam que seus empregadores adaptem-se às suas preferências em questões como sistema operacional ou aplicações, em vez de ficarem presos ao padrão de soluções estabelecido pela TI.
• Velocidade e acesso: os trabalhadores não têm paciência para ambientes restritos. Eles querem acessar rapidamente a informação de que necessitam, quando necessitam. Eles esperam que a TI se preocupe com questões como segurança, mas sem limitar a capacidade de acesso à informação.
• Relevância: uma das questões mais importantes levantadas pelo estudo é que os funcionários desejam antes de tudo ser tratados como “adultos”, sem proteções ou limitações excessivas. Eles também querem suas opiniões levadas em conta no momento de decidir sobre novas tecnologias, ou ao menos liberdade para selecionar a plataforma que mais lhes agrada.
A frustração dos colaboradores com as ferramentas tecnológicas oferecidas no ambiente de trabalho também afeta a percepção que têm de seus respectivos departamentos de TI, identificados como rígidos (52%), sovinas (49%), conservadores (52%) e atrasados (45%). O resultado é um conflito interno entre funcionários e gestores de TI. O estudo também identificou que 14% dos entrevistados já abandonaram um emprego por conta de políticas restritivas para o uso de novas tecnologias.
O outro lado da moeda
Os gestores dos departamentos de TI, que possuem uma visão muito diferente das necessidades da empresa e das ferramentas oferecidas, estão do outro lado do conflito. Embora 65% dos gestores entrevistados concordem que é da responsabilidade da TI resolver o problema da consumerização, a maioria acredita que existem outros caminhos para a resolução do conflito.
Mais da metade (53%) dos gestores entrevistados acredita que treinamentos adequados para o uso da tecnologia atual seriam mais eficientes do que a adoção de novas ferramentas, enquanto 36% acreditam que a tecnologia atualmente disponibilizada não tem todo o seu potencial utilizado. Por outro lado, apenas 36% dos gestores afirmam que seu departamento de TI está satisfatoriamente atualizado com as mais avançadas tecnologias, e a grande maioria deles acredita que algumas das restrições impostas pela TI aos funcionários podem efetivamente diminuir a produtividade.
O cenário para o gestor de TI, entretanto, é bastante complexo. Quando consideram a adoção de novas tecnologias ou de políticas para facilitar o uso de tecnologias e pessoas no trabalho, a TI identifica três barreiras principais:
• Segurança: o obstáculo mais mencionado na pesquisa é a questão da segurança: expandir as opções em dispositivos, serviços ou softwares pode abrir novas brechas na segurança de todo o sistema da companhia. O tipo e a sensitividade das informações em uma determinada companhia irão determinar sua capacidade de atender aos desejos dos funcionários por maior liberdade de escolher sua ferramenta de trabalho.
• Necessidade de suporte: se os funcionários tiverem mais liberdade para escolher suas soluções, a necessidade de suporte vai aumentar exponencialmente. Por essa razão, a maioria dos departamentos de TI apenas libera o uso de algumas soluções “por sua conta e risco”, com o funcionário responsabilizando-se pela configuração e manutenção do dispositivo ou software fora dos padrões.
• Custos: manter o parque tecnológico atualizado com o desejo dos funcionários requer aumento considerável no volume de renovações do equipamento e geraria custos proibitivos. O estudo levantou que a maioria das empresas realiza uma renovação do parque de máquinas uma vez a cada três a cinco anos.