Notícias

2011
jul
06

Mobilidade permite decisões mais rápidas

Para serem mais competitivas, as empresas têm de ser rápidas a tomar decisões. Os smartphones e os tablets são instrumentos fundamentais para alcançar essa mesma celeridade .

Mais do que uma moda ou um instrumento de lazer, os smartphones e os tablets começam a ocupar um espaço fundamental na estratégia das empresas, que, para estarem mais próximas do cliente, procuram soluções móveis que possibilitem tomar decisões em qualquer momento e em qualquer lugar. E não são só as equipas de vendas as favorecidas com esta estratégia. Praticamente todos os profissionais em situações de mobilidade podem beneficiar do acesso a informação de negócio fora do tradicional posto de trabalho.

De Fátima Caçador / Casa dos Bits

Depois do e-mail móvel se ter tornado uma conquista, as empresas abrem agora portas a novas soluções que tiram partido do crescente poder de processamento dos telemóveis e de soluções em cloud computing. No bolso de cada executivo pode agora, em teoria, viajar a informação mais crítica de negócio, com as vantagens que daí decorrem mas também com as necessárias cautelas relativas à segurança.«A procura de aplicações de mobilidade por parte das organizações está a explodir devido à crescente consciência de que a mobilidade pode aumentar a produtividade, melhorar a eficiência do negócio e fomentar não só a colaboração, como a satisfação dos colaboradores», reconhece José Tavares, senior business developer da SAP Portugal. O paradigma da mobilidade está a ser dinamizado nas empresas por uma nova geração de colaboradores, profissionais que cresceram com as tecnologias da Web 2.0 e que estão perfeitamente familiarizados com as novas formas de comunicação e dispositivos digitais, explorando as redes sociais e todos os meios de colaboração que estão à sua disposição. E, tal como fazem na sua vida privada, querem usar estas ferramentas na sua vida profissional, pressionando a mudança das aplicações empresariais com estas expectativas.

Segundo dados da Forrester Research, em 2012 cerca de 73% dos colaboradores vão exigir das empresas maior mobilidade em termos de acesso a sistemas, informação e aplicações, e as organizações têm de dar resposta de forma segura e em consistência com a estratégia na área dos sistemas de informação.

José María Alonso, vice-president sales & managing director na QlikTech Ibérica, reconhece também esta pressão para a mobilidade e admite que o avanço tecnológico dos smartphones e tablets, acompanhado pela evolução do software profissional, permite o acesso a mais funcionalidades e facilita a sua generalização. «No contexto actual, é crucial aos empresários e decisores poderem tomar decisões instantaneamente com base no máximo de informação da sua empresa», explica, adiantando que a QlikTech antecipou estas necessidades e investiu em soluções de business intelligence orientadas para o utilizador, que permitem que a informação esteja disponível quando e onde se quer, de forma simples, «mas também de forma descentralizada em relação ao máximo número de elementos na organização».

A área de business analytics é também o foco do SAS Portugal, que reconhece a importância da mobilidade no desenvolvimento das soluções, nomeadamente na extensão das suas capacidades de visualização de dashboards aos smartphones, áreas em que tem vindo a investir. «Hoje em dia, um utilizador das nossas soluções de business analytics pode receber alertas, fazer drill-down na informação apresentada, entre outras funcionalidades», sublinha Luís Bettencourt Moniz, director de Marketing do SAS Portugal. A empresa estabeleceu recentemente uma parceria com a Mellmo, empresa que criou a Roambi – uma das aplicações de negócio líderes na área da analítica móvel interactiva – com o objectivo de colocar no iPhone e no iPad mais informação, para que os gestores possam ter análises e relatórios em tempo real com dados de negócio. «Neste contexto, vamos continuar a desenvolver as capacidades do SAS Mobile Business Intelligence para permitir aos gestores uma tomada de decisão cada vez mais qualificada e baseada em factos, a qualquer hora, em qualquer local», reforça Luís Bettencourt Moniz.

A experiência de acesso a dados empresariais pode porém não se limitar aos smartphones e tablets, passando para outras dimensões, como a utilização de uma consola como a Xbox, ligada à televisão de casa, preconiza Artur Amaral, responsável pela área de mobile communications na Microsoft Portugal. «Os profissionais pretendem, cada vez mais, poder aceder às suas diversas ferramentas de trabalho em qualquer momento, de qualquer local, e a partir de qualquer dispositivo, de forma simples e com uma boa experiência de utilização across devices», uma tendência incontornável que será satisfeita através dos dispositivos que estiverem disponíveis. «Mais importante do que a forma como se acede, o que importa são os conteúdos aos quais se acede», lembra.

Evolução em qualidade
Alguns sectores de actividade foram pioneiros na adopção da mobilidade, sobretudo os que possuíam uma grande equipa de vendas no terreno. David Afonso, vice-presidente de software solutions architecture da Primavera BSS, lembra que as empresas de distribuição estiveram na linha da frente nesta área. «A Primavera dispõe, inclusivamente há vários anos, de soluções de mobilidade para este sector, que cobrem as áreas de gestão de encomendas, facturação e recebimentos», afirma, admitindo que com a democratização do uso de smartphones se abriu um novo mundo para a mobilidade com grande potencial.

O acesso ao e-mail e disponibilização de conectividade de Internet móvel são vistos já como um requisito básico para profissionais de todas as áreas e empresas de diferentes dimensões e sectores de actividade. E as operadoras móveis reconhecem que a rápida adopção destas soluções e dos terminais inteligentes está a assumir um papel fundamental na estratégia de vendas empresariais, possibilitando às empresas atingir novos patamares de eficiência e produtividade, como admitem a Vodafone e a Optimus. «As empresas têm de tomar decisões rápidas e informadas e têm de aumentar a sua proximidade aos clientes», acelerando os negócios, explica João Mendes Dias, administrador da Vodafone Portugal para a Unidade de Negócios Empresarial. E os preços praticados pelos tarifários integrados tornam as soluções de mobilidade acessíveis também a empresas de menor dimensão.

Nesta área, e como complemento de valor à conectividade, a Optimus tem vindo a estabelecer parcerias que abrangem o desenvolvimento e a entrega de soluções para vários sectores, desde a logística à saúde, passando por soluções de telemetria e domótica. «Trabalhamos também com um conjunto de sensivelmente 200 entidades que têm outros negócios, não só de telecomunicações, como também de informática ou tecnologia, no sentido de analisar a abordagem comercial e a entrega de soluções aos clientes finais», refere a direcção de comunicação da empresa do Grupo Sonaecom.

Mas se estas soluções de mobilidade básicas já estão generalizadas, a Gartner estima que menos de 15% das empresas têm actualmente uma plataforma de mobilidade que abranja todas as unidade de negócio, responda a todo os seus processos e esteja disponível para todos os colaboradores – um novo patamar de evolução, que é visto como atraente pelas empresas do sector.

«O potencial de crescimento é apetecível. Entre 2010 e 2013, o número de organizações que vai apostar neste tipo de plataformas deverá crescer na ordem dos 10% ao ano», avisa José Tavares, da SAP Portugal.

Não falta quem se esteja a posicionar e a SAP considera estar numa posição destacada, depois da aquisição da Sybase, que proporcionou à empresa a integração de tecnologia de ponta nesta área. A plataforma Sybase Unwired Platform «permite às empresas desenvolver, rápida e facilmente, aplicações que dão aos dispositivos móveis dos colaboradores acesso aos dados do negócio» e «elimina a dificuldade de criar e gerir múltiplas aplicações móveis que, de forma segura, conectam uma grande variedade de bases de dados à grande maioria de dispositivos móveis», descreve José Tavares. A SAP dispõe ainda da solução Afaria, que visa a gestão do ciclo de vida e da segurança de dispositivos móveis de classe empresarial, mas o portefólio estende-se ainda a aplicações móveis, como o Sybase Mobile Sales for SAP CRM e o Sybase Mobile Workflow for SAP Business Suite.

Barreiras de maturidade
Para explorar o potencial pleno do mercado de mobilidade nas soluções empresariais há porém alguns entraves a adoptar, nomeadamente em termos de maturidade dos sistemas de informação e de cultura de negócio. José Maria Alonso, da QlikTech Ibérica, reconhece que há empresas em Portugal que já deram passos importantes neste sentido de adopção de soluções de negócio mais avançadas. Mas para já são companhias com grandes forças comerciais e empresas com CEO early adopters ao nível de tecnologia de ponta que vêem na mobilidade um valor acrescentado para as suas equipas de gestão.

A forma como as infra-estruturas de sistemas de informação estão montadas nas empresas poderá ser um dos principais obstáculos à sua disponibilização em mobilidade, já que é necessário ter sistemas adequados para que seja garantida a segurança e a performance. «Esta barreira só poderá ser ultrapassada através da adopção de soluções na cloud. Só assim será possível a uma pequena organização ter acesso a soluções que, de outra forma, pelas necessidades de investimento, apenas estariam ao alcance de uma minoria», alerta David Afonso, da Primavera BSS.

A visão é partilhada por Artur Amaral, da Microsoft Portugal. «Ao colocar um conjunto de recursos prontos a serem acedidos na nuvem, a solução simplifica a implementação e permite maior mobilidade aos profissionais», refere, apontando ainda as vantagens já conhecidas destas soluções, nomeadamente em termos de redução do investimento inicial, disponibilização da capacidade necessária a pedido e maior eficiência na gestão da plataforma. E a solução de cloud adoptada pode ser pública ou privada, conforme os interesses e exigências da empresa.

Segurança à prova
Além das vantagens apontadas e aos cenários risonhos traçados pelos fabricantes, há que considerar também os riscos que as soluções de mobilidade podem trazer para as empresas, nomeadamente quando se fornece acesso a soluções críticas de negócio a partir de dispositivos portáteis, que são – pela própria circunstância de serem transportados para fora da empresa – mais vulneráveis.

José Tavares reconhece que este é um desafio, mas que existem formas de garantir a segurança integrada de dispositivos para gerir e proteger de forma proactiva os dados, dispositivos, aplicações e movimentações móveis, citando a plataforma Alfaria.

Mesmo com as recentes notícias dos ataques de malware em plataformas Android, os operadores e os principais players de software contactados pelo Semana recusam-se a identificar plataformas mais e menos seguras, não fazendo distinção entre o iOS da Apple, o Blackberry da RIM, Windows Phone da Microsoft ou o Android, patrocinado pela Google. A posição de todos é tecnologicamente agnóstica, favorecendo a ligação nas plataformas escolhidas pelos clientes, mesmo no caso da Microsoft, apesar da estratégia móvel da empresa com o desenvolvimento da plataforma Windows Phone, que «em breve» deverá estar disponível numa versão localizada para português e que proporciona o acesso a novas funcionalidades e potencia o ciclo de adopção por parte dos utilizadores individuais e empresas.

Com mais ou menos preocupações com a segurança, é porém assumido por todos os players de TIC que a mobilidade veio para ficar. E que a evolução se fará no sentido de acesso a informação mais rica e completa nas plataformas móveis, com o reforço das plataformas cooperativas. «O futuro é móvel, é sempre ligado a rede, e todas as empresas que ignorarem este facto terão anos muito duros pela frente», avisa Luís Bettencourt Moniz, director de Marketing do SAS Portugal.

Múltiplas formas de explorar a mobilidade
O recurso a novos formatos ou mesmo exploração de novas áreas de negócio são alguns dos potenciais da mobilidade que já estão a ser explorados com soluções que trazem valor às empresas e fidelizam clientes. No fim-de-semana passado, o Sumol Summer Fest estreou a utilização de pulseiras para que os participantes do primeiro grande festival deste Verão pudessem actualizar de forma quase automática o seu perfil no Facebook. Os organizadores distribuíram de forma gratuita 10 mil pulseiras que podem ser configuradas com o nome do utilizador e a sua palavra-passe na rede social e que são activadas sempre que os participantes se aproximavam das “Mega Coroas” espalhadas no recinto do festival, gerando em tempo real mensagens no mural do Facebook.

A iniciativa de activação de marca assinala um novo formato de interacção com o público e foi desenvolvida para o festival que decorreu na Ericeira, sendo também uma forma de os participantes se habilitarem a prémios, como pranchas de surf, fatos, mochilas e óculos de sol. A Mega Hits promete não ficar por aqui e usar a tecnologia noutros eventos e também com marcas a que possa associar-se.

A par da utilização de novos formatos que ultrapassam os (mais comuns) smartphones, telemóveis e tablets, algumas empresas encontram também na mobilidade novas maneiras de fidelização. É o caso das operadoras aéreas, que vêem no fornecimento de conectividade nos aviões uma forma de atraírem os viajantes profissionais, num mercado cada vez mais competitivo, em que se torna difícil a diferenciação pelo preço do bilhete. Um modelo que restaurantes, cafés, esplanadas e hotéis já adoptaram há algum tempo e que atrai um número crescente de clientes munidos com portáteis, tablets e smartphones para o seu “âmbito de influência”. Porque, no fim, o que conta é o volume de negócios realizado.

 
 

Deixe seu comentário

  1. (campo obrigatório)
  2. (necessário e-mail válido)
  3. (campo obrigatório)